Na morte do antifascista galego Rufo Pérez. UN ADEUS IRMAO


rufo_perez_galaxia.jpgArtigo de Luís Gonçales Blasco “Foz”. [publicado en Galiza Livre.
Non foi un militante comunista organizado en sentido estricto, mais foi un amigo leal; un aliado de moitas causas. Un antifascista e demócrata que axudou, especialmente en tempos do franquismo, como poucos o achegamento dun mundo mellor e dunha Galiza Ceive e Socialista. A súa morte, 4 horas despois da da súa compañeira Conchita fixo, se cabe, un chisco mais emotiva a nosa despedida.
Nasceu em 1915, na freguesia de Freixeiro no seio duma família numerosa. A sua atividade galeguista inicia-se nos fatos Ultreya; na entrevista que a revista Murguia -no seu número 10- fez a Rufo a memória deste joga-lhe uma passada, disse que começou nos Ultreya aos quatorze anos. Suficientemente lúcido se manifestava Rufo para lho ter em conta, seguramente confunde essa idade com o começo da sua amizade com Ilha Couto, Antón Beiras ou algum outro moço galeguista com quem partilharia a andaina Ultreya; mais grave é que esse erro tem passado a outros lugares, eu próprio o cometi.
Os Ultreya são uma organização juvenil fundada em fevereiro de 1932, dinamizada por Álvaro das Casas, impulsada polo Partido Galeguista e que tinha como objetivo organizar na luta patriótica e educar nos princípios desta a moços de entre 12 e 18 anos. A pesar do papel do Professor do Instituto de Noia, na altura da fundação do movimento, membro do Comité Executivo do Partido Galeguista, a direção da agrupação depende do Partido e responde a vontade da expressão política do nacionalismo no período republicano de auto-organizar o nosso povo e ser quem de articular um amplo projeto de masas. Assim pois, Rufo que cumpriria 96 anos o próximo dezembro, já tinha 16 quando se fundam os Ultreya, neles jogou um rol salientável. Durante o governo bopartido a Conselharia de Meio Ambiente organizou a rememoração da histórica expedição Ultreya, de 1932, na que perto dum centenar de escolares das montanhas de Lugo e Ourense realizarão em cinco dias a mesma travessia de então, entre Muros e Vigo. O périplo, do 1 ao 5 de jullo, inclui atividades de educação e divulgação ambientais, para que os moços descubram o património histórico, artístico, cultural e natural das costas galegas. A iniciativa foi apresentada em conferencia de prensa polo diretor geral de Conservação da Natureza, José Benito Reza, acompanhado polo fiscal xefe do Tribunal Superior de Xustiza de Galicia, Carlos Varela, e representantes das entidades colaboradoras, así como por Rufo Pérez, um dos três únicos superviventes da primeira experiencia, junto com Francisco Fernández del Riego e Xaime Ilha. Reza e Fernández del Riego também desapareceram e hoje o último Ultreya que deve sobreviver é Ilha Couto.
Em 1934, Rufo, tem que se transladar a Madrid para poder seguir estudos de Matemáticas, assiste a uma tertúlia frequentada por outros galeguistas. Murquia pergunta-lhe se não percebia nela as diferenças entre galeguistas de esquerdas e de direitas. Inocentemente responde que não, já que ali apenas iam galeguistas de esquerdas, entre eles estava Manuel Martínez Risco o ilustre científico que de não serem os trágicos acontecimentos de 1,936, dirigiriria a sua tese de doutoramento. A guerra apanha-o em território dominado pelos fascistas e vê-se na desditada situação de ter em face os seus camaradas; livra-se, em parte, pelo seu conhecimento do italiano: por isso foi convocado à unidade que Mussolini tinha destacada em Medina del Campo. Como era estrangeiro o trato era excelente. Mentres estive ali até dei aulas de balística a soldados do exército de Franco. Um dia foram por ele, mas o mando italiano não permitiu que o levaram.
A maioria da vida profissional de Rufo Pérez estivo ligada ao ensino. 45 anos passou nas aulas. Primeiro conseguiu dar aulas em Ponferrada, uma das suas aliunas foi Conchita que se converteria na sua companheira de toda a vida. Há uns quantos meses Conchita caiu doente e Rufo, que aos 95 anos mantinha-se em plena forma, começou a decair. Morreu Conchita e Rufo ficou sentado ao pé dela, quatro horas depois morria também ele, quanto amor! Apenas comparável ao que sentia por Galiza.
Não lhe foi fácil achar trabalho em Vigo como professor, em Ponferrada era pouco conhecido, carecia do tristemente famoso certificado de adhesión ao glorioso movimento nacional, mas não abundavam os falangistas com conhecimentos matemáticos. Sublinho o de professor porque antes achara trabalho não remunerado indo cavar nas obras do futuro Peinador, como castigo pelas suas ideias.
Rufo Pérez foi um dos fundadores da sociedade anónima Editorial Galáxia. Esta fora apresentada aos seus acionistas como uma espécie de cobertura legal do PG, mas Rufo Pérez, e outros como Antón Beiras, asinha se dão conta de que se trata de um projeto elitista e sem retirarem o seu capital (escasso) perdem o entusiasmo inicial que os fazia serem parte daquele pequeno fato que fazia todo on trabalho material; este grupo é o que aparece no famoso quadro de Xohán Ledo (Ricardo García Suárez).
Outro entusiasmo de Rufo Pérez, este duraria-lhe mais, foi o que o levou a participar na reconstrução do nacionalismo político. Fundando em 1964 a UPG, como lembro aqueles anos, anteriores à marcha de Celso para Venezuela, em que abandonava Compostela para ir a Vigo, pelos bares próximos às Travessas (ou por sítios mais discretos) trabalhar politicamente com Rufo, Celso, Ferrín, Arjona...
Nunca mais o veria, primeiro foi a minha marcha a França, onde conheci o seu sobrinho Jorge Pérez Rey e o seu sobrinho-neto Xurxo Martínez Pérez. Depois a minha deixadez, sabendo que estava bem nunca achava um momento para visitá-lo. Outro dia...outro dia e quando chegou o dia foi apenas para dizer um adeus irmão! ao seu corpo, e ao de Conchita, cubertos ambos por sendas bandeiras da Galiza, no cemitério do Pereiró.
Um adeus irmão! que repito desde aqui.
[Luís Gonçales Blasco, mais coñecido como “Foz” é comunista e patriota galego; fundador da UPG. Fundador e representante galego na Mesa da "Carta de Brest"]